O Brasil é recordista mundial de parto cesariana. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 55% dos partos no Brasil ocorrem por meio de cesarianas desnecessárias. A série Ser Mulher do Blog Homeopatia e Saúde tenta entender os motivos desse número e alertar sobre como escolher a melhor forma de trazer ao mundo seu filho.

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 “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores” (Gên.3:16),

 

 

Seja pelo conceito popular de associar o parto normal à dor da mãe, pela ideia equivocada de que o parto cesariano é muito mais rápido ou pela influência do médico que tem vantagens no procedimento cirúrgico, o parto cesariano é hoje o mais comum no Brasil.

Para os médicos, a preferência da cirurgia pode ser explicada por vários motivos: comodidade de agenda, pois eles podem “marcar” e atender diversos procedimentos (como exames, outros partos, consultas, etc.); vantagens econômicas, pois o reembolso do parto cirúrgico ainda é maior que o natural tanto pelos convênios quanto pela rede pública para todos os componentes da equipe médica, uma vez que o a cesariana exige uma equipe de pessoas maior que o parto natural; dispensa de plantões para “esperar” a hora da criança nascer; etc..

Por outro lado, com o avanço da medicina e o aperfeiçoamento das técnicas anestésicas, as cirurgias foram ganhando qualidade e o parto abdominal foi uma das técnicas que mais se aperfeiçoou. As primeiras cesáreas eram feitas com anestesia geral e corte da região umbilical. O fechamento da pele era com pontos de fio de algodão ou agrafes (aço), que também eram bastante dolorosos. “Hoje, as cesáreas são minimamente invasivas. É apenas um pequeno corte na região inferior do abdome com a paciente acordada, sendo acompanhada pelo seu parceiro o tempo todo. A cirurgia somente afasta os tecidos e retira o bebe por um canal que se assemelha ao canal do parto. A mãe, livre da dor, acaricia seu bebe nos primeiros momentos de sua vida, amamenta na sala de parto e, algumas horas depois, está tomando banho e passeando pelo hospital. O fechamento da pele é feito com cola cirúrgica, que fica praticamente invisível após alguns dias”, explica Dr. Eliezer Berenstein, ginecologista e feminólogo.

 

 

 

 

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A ciência traiu os dogmas religiosos e ofereceu a mulher o parir sem dor

Muito falado, mas pouco praticado por aqui, o parto natural sem dor já é uma realidade muito praticada em outros países. É uma opção para as mamães que querem trazer seus filhos de forma natural, mas não querem sentir dor. Segundo o site “Mãe me Quer” o parto sem dor utiliza um medicamento chamado “Epidural”. Esse medicamento não é uma anestesia, está em uma categoria antes, uma “analgesia”. Essa técnica permite o alívio da dor em todas as fases do parto, sem que isso implique na sensibilidade física e nem com a consciência da mãe durante o procedimento.

“Numa anestesia geral, o anestésico é injetado na circulação sanguínea. Atravessa a placenta e atinge o bebé. Na analgesia epidural isso não acontece. O anestésico local atravessa a barreira da placenta numa quantidade desprezível, não comprometendo o bem-estar do bebé. As fibras nervosas que transmitem os estímulos dolorosos da região inferior do organismo, são bloqueadas diretamente, não sendo necessário administrar medicamentos através da circulação sanguínea.” – Informações do site “Mãe me Quer”.

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Qual a melhor opção?

Cada mãe é única e, mesmo para mulheres que já são mães, cada gestação é única também.  Existem vários fatores a serem observados para a escolha do melhor procedimento. Segundo a Dra. Ana Lucia Dias Paulo, durante todo o pré-natal o obstetra observa para fazer o prognóstico indicando a melhor opção de parto. “O pré-natal deve ser iniciado assim que confirmada a gravidez. O médico que acompanha a gestante será capaz de fazer um prognóstico da possibilidade materna e fetal para o parto natural”, diz. Ela afirma que apenas 15¨% dos partos têm indicação médica de necessidade de cesariana e “essas indicações variam de causas maternas, como patologias pregressas ou desenvolvidas durante a gestação, situações anatômicas – relativas ao útero ou a vagina -, etc. ou situações relativas a criança, como má formação, posição incorreta no útero ou posição placentária, etc.”, exemplifica Dra. Ana.

O Dr. Eliezer Berenstein acrescenta à lista alguns motivos que levam os obstetras a indicarem a cesariana. “Os fatores maternos mais comuns que levam a indicação da cesárea são síndromes hipertensivas, cardiopatias, anemias, diabetes, doenças autoimunes, trombofilias e desnutrição. Entre os fatores observados na criança estão o peso e idade gestacional, além da posição” explica Dr. Eliezer. Ele completa: “apesar do assunto ser controverso, bebês de extrema maturidade e bebês que passam da data do parto são salvos pela cesárea”.

O parto natural é – ou deveria ser – a primeira opção das gestantes. A melhor opção, quando a saúde da mãe e do bebê permite. Pensando no parto natural sob o efeito da analgesia epidural – Parto Natural sem dor – além dos fatores já apresentados pela Dra. Ana Lucia e pelo Dr. Berenstein, acrescenta-se à lista de contra-indicações gestantes que apresentam problemas com coagulação sanguínea, doenças no sistema nervoso central ou quem utiliza medicamentos com efeitos sobre o sistema de coagulação sanguínea.

A escolha do procedimento não é de responsabilidade apenas da mãe e nem apenas do médico. Ela deve ser feita em conjunto, respeitando todos os indicadores de saúde da mãe e do bebê. E pode ser mudada até na hora do parto. É importe, nesse processo, que a mãe escolha um médico de confiança que irá lhe assistir durante esse momento tão especial.

No próximo texto da série Ser Mulher, o Blog Homeopatia e Saúde trará a segunda parte dessa matéria. Vamos entender o que é parto humanizado, como a figura da parteira tem voltado a tona, mesmo nas grandes cidades e como a homeopatia pode auxiliar nesse processo.


Dr. Eliezer Berenstein – Ginecologista e feminólogo, dedica-se à saúde integral – física, psíquica, emocional, espiritual, existencial – da mulher e ao desenvolvimento de uma nova abordagem clínica – baseada em grande medida numa atuação criativa por parte dos médicos e numa participação ativa da paciente durante o seu processo de cura.

Dra Ana Lucia Dias Paulo – Pediatra e Homeopata, que exercita a medicina em clínica médica e pediátrica desde 1984. Curso de Especialização em Acupuntura pelo Center AO, em convênio com a UNIFESP. Professora convidada de diversas associações e instituições de ensino da Homeopatia, bem como, conferencista em inúmeros eventos relacionados (congressos, cursos etc.).